25 de ago. de 2009

Cildo Meirelles, Brasil




























Avista-se um deck de madeira. Ao invés de mar, folhas impressas em tom azul que se passam por água. A sobreposição das folhas dão ilusão de movimento, como o da marola. Presencia-se uma experiência de imensidão, de impossibilidade.
Experimentar o trabalho Marulho, significa sentir-se em outro lugar. Na Bienal, onde muitas obras se reunem, Marulho cria seu próprio espaço, levando o espectador para longe dali e, ao mesmo tempo, sem conseguir alcançar de fato o longe.
Exposta na 6ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em 2007, no Cais, em Porto Alegre, a instalação Marulho (1991-2001), do brasileiro Cildo Meireles, recriou uma estrutura semelhante a um píer. Da plataforma de madeira, o visitante podia observar centenas de livros e revistas que cobriam inteiramente o chão e de cujas páginas despontavam fotografias de mares. A sobreposição desses impressos criava um movimento, acentuado pelo som, semelhante ao de ondas na praia. Este som também era constituído pela justaposição, desta vez da palavra água, em 80 línguas diferentes, enunciadas por pessoas de várias idades, gêneros e procedências. O som, desta forma, tornava-se fruto de todos, mas sem ser ao mesmo tempo de ninguém, invocando o mar como espaço de trocas simbólicas e de ligação entre territórios e povos de distintas culturas. Um “terceiro lugar”, uma “terceira margem”.
Comentando a obra Marulho, no artigo O local, o global, o mar e o muro, Moacir dos Anjos avalia que esse é um dos trabalhos que apresenta e discute, de forma exemplar, a existência de espaços físicos e políticos híbridos. Diz o autor:
"Um dos trabalhos que mais exemplarmente apresenta e discute, por meio de estímulos visuais e sonoros, a existência de espaços físicos e políticos híbridos é a instalação Marulho, de Cildo Meireles, cuja escala em relação à dimensão humana convida o visitante a percorrê-la com o corpo, e não somente a explorá-la com o olhar".
Luana comenta que:
O texto O local, o global, o mar e o muro, de Moacir dos Anjos, fala sobre a relação entre as diferentes culturas globais. Através das obras de Cildo Meireles e Marepe o autor exemplifica e descreve essas relações hibridas onde a obra de arte traz questões culturais.
Acredito que a arte seja um dos campos de maior identificação geral. O público entende a obra por meio da sua cultura natal ou através do conhecimento que possui sobre outras culturas. E acredito que, mesmo assim, a arte une pois cada indivíduo, mesmo com o fator cultura agregado, percebe a obra de maneira diferente, se identificando ou não, tendo sensações e entendimentos distintos.
Mariana comenta que:
Durante a leitura do texto O local, o global, o mar e o muro, de Moacir dos Anjos, percebemos o quanto a questão da globalização esta inserida nas artes plásticas.
Quando falo de globalização falo das culturas européias e americana, que são as mais difundidas em todos o mundo e que fazem questão de se mostrarem como modelo cultural para o "restante" do mundo.
Temos um exemplo disso no trabalho Marulho de Cildo Meireles, no qual, o artista sobrepõe a palavra água em 80 línguas distintas. Quando percebemos estes sons, são poucas as línguas que conseguimos identificar, mas algumas delas já fazem parte do nosso cotidiano, como por exemplo: água, water, acqua, eau, wasser, agua.
Percebo com isto o quanto já estamos, de certa forma, inseridos nessas culturas. Vejo o quanto perdemos a nossa identidade por conta da globalização, assim como agregamos a idéia de aculturação. Depende de nós aceitarmos ou não estas "regras".

Vale a pena assistir:

http//www.youtube.com/watch?v=EK34GugLS3c&feature=related




Um comentário:

  1. Olá, você sabe me informar as informações bibliográficas desse texto do Moacir dos Anjos? Em que livro de encontra ou o link do arquivo?

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